terça-feira, 25 de outubro de 2011

Cristina Kirchner e a derrota da mídia golpista argentina


"A Lei não é para controlar ninguém, mas para impedir que o povo seja controlado." Cristina Kichner sobre a Ley de Medios, que regulamenta a mídia na Argentina.

Texto de Joseclei Nunes (@JosecleiNunes)

América Latina assistiu, neste final de semana, a um dos capítulos mais sólidos do processo de fortalecimento democrático do continente. No domingo (23), 54% dos argentinos respaldaram a atual gestão de Cristina Kirchner. A vitória acachapante da atual presidente, que concorria à reeleição, é uma mostra do avanço dos povos latino-americanos rumo a uma administração independente, com crescimento econômico respaldado por maior justiça social e soberania.

Esse movimento progressista na América se estende por mais de uma década, tendo como expoentes no continente os governos de Argentina, Bolívia, Brasil, El Salvador, Equador, Nicarágua, Paraguai, Uruguai, Venezuela, além de Cuba – que há meio século desafia o governo estadunidense, responsável pelo criminoso bloqueio econômico imposto à ilha. Historicamente considerados “quintal” dos Estados Unidos, esses países romperam com o Consenso de Washington vigente durante a década de 1990 e ousaram reivindicar a independência dos povos, tendo como prioridade os avanços na área social e a consolidação do vitorioso processo de fortalecimento de uma América Latina soberana, que caminha para a superação das desigualdades e injustiças do continente.

A vitória de Cristina Kirchner também deveria servir de lição ao Brasil. Ela representa uma dura derrota da mídia monopolizada e manipuladora, que ergueu seu império durante a ditadura militar argentina. Os meios de comunicação, em especial o poderoso Grupo Clarín, fizeram de tudo para desestabilizar e derrubar o governo de Cristina, rotulado de “populista e esquerdista”.

A mídia golpista chegou a insuflar um locaute dos barões do agronegócio, que paralisou e desabasteceu o país. Durante todo o seu governo, a imprensa produziu factóides, travestindo-se de “ética”, para desgastar a presidenta. Ela nunca reconheceu os avanços políticos, econômicos e sociais do governo. Filhote da ditadura, a mídia nunca abandonou o receituário neoliberal.

Mas Cristina Kirchner não se dobrou à pressão da imprensa golpista. Nunca ficou de “namoricos” com os donos da mídia. O seu governo submeteu ao debate na sociedade uma nova lei sobre comunicação, a famosa Ley de Medios. O novo marco regulatório, aprovado em outubro de 2009, determina o fim do monopólio na rádio e TV e incentiva a pluralidade e diversidade informativos.

O grande triunfo foi baseado fundamentalmente no crescimento econômico que o país atravessa, na ausência de uma oposição unificada, e pelo fato de o primeiro período do governo de Cristina Kirchner (2007-2011) "ter se mantido dentro dos limites do populismo", considerou o professor de relações internacionais Carlos Romero, da Universidade Central de Venezuela.

"Essa esquerda populista tem sido uma característica de nossa política (na América Latina) em todo o século XX e nesta parte do século XXI", com uma forte presença do Estado e do partido oficial, ressaltou.

Para quem, enfim, ainda se pergunta pelas razões da vitória de Cristina Kirchner, um pouco de números talvez ajude a encontrar a resposta. Para começo de conversa, a economia cresce ao ritmo de mais de 6% ao ano. O desemprego é baixo, a maior parte dos trabalhadores chegou a acordos que asseguraram ganhos salariais reais, os programas sociais do governo atendem a milhares de famílias. Um dos muitos subsídios atende a três milhões e meio de menores de 18 anos de idade, com a única condição de que freqüentem a escola e façam as vacinações obrigatórias. Em quatro anos – entre 2007 e 2010 – a pobreza baixou de 26% a 21,5% da população.

A oposição feroz dos grandes conglomerados dos meios de comunicação, a resistência desrespeitosa dos grandes magnatas do campo, as chantagens dos grandes barões da indústria, a virulenta má vontade das classes mais favorecidas, tudo isso somado não foi capaz de abalar o prestígio da presidente. Ela conquistou apoio de amplas faixas do eleitorado mais jovem, abriu espaço junto aos profissionais liberais, recebeu o voto massivo dos pobres.

Tudo indica que o terceiro mandato do partido Peronista na Argentina vai aprofundar as mudanças iniciadas em 2003. Oxalá que assim seja e que possamos tomar como exemplo os avanços conseguidos pelo país vizinho. De acordo com Patricio Echegaray, secretária-geral do Partido Comunista da Argentina, em artigo publicado em seu blog, a mudança estrutural no capitalismo da Argentina “é a única forma de impedir a ofensiva restauradora das direitas ou uma possível descomposição que pode afetar o chamado projeto nacional”.

sábado, 22 de outubro de 2011

Fé e Conhecimento

Tradução: Joseclei Nunes (@JosecleiNunes)

"Fé" uma das muitas razões que alguns se voltam para o ateísmo ou Agnosticismo e é porque eles não querem seguir. Deístas e teístas têm um ditado que diz sobre isso: "Eu não tenho fé suficiente para ser ateu." Embora possa parecer apenas uma linha humorística e retórica, que faz repousar sobre uma boa parte do valor.

A questão é esta: Os ateus dizem: "Não podemos acreditar em Deus porque isso é um ato de fé, e só devemos acreditar no que a ciência e a lógica nos diz." O Teísmo responde: "Como você sabe que a ciência e a lógica é a descobertas de seres humanos  estejam corretas? "Para isso, o ateu rapidamente responde:" Porque, (1) faz sentido, (2) não há evidência para provar as conclusões científicas, e (3) qualquer outro princípio arbitrário tentando explicar por que a ciência é verdade. "E, finalmente, o teísta, mais uma vez diz:" Mas como você sabe que todas essas coisas que você diz são precisas? "No final, este ciclo continua até que o ateu está cansado dele e diz: "Olha, é apenas a verdade, ok?

A triste verdade é, a crença em princípios científicos e da razão humana exige fé tanto quanto acreditar em um livro sagrado. Na verdade, todo o nosso conhecimento pode ser reduzido a esse cenário simples. Conclusões científicas repousam em pressupostos científicos, religiosos e conclusões em suposições religiosas, apoiando em conclusões morais, premissas morais, e assim por diante. Essa é apenas a maneira que é.

A razão para esta circularidade inevitável é que nós seres humanos estamos dentro de um sistema. Nós não podemos ver este sistema a partir do exterior, de modo que não podemos verificar e ver se ele é composto externamente, só podemos determinar se ele é internamente consistente. Portanto, as nossas conclusões sobre esse sistema só pode ser baseada em (1) a consistência interna dessas conclusões, e (2) a consistência dessas conclusões com o que pensamos que percebemos. Não há maneira de nos aproveitar algum poder temeroso ou ter uma visão especial de saber, com certeza, que estamos certos. Você acabou de viver com ela.

No entanto, devemos distinguir entre a fé cega e fé responsável. O argumento de que a fé e a base de todo conhecimento não implica que não há problema em apenas acreditar no que quiser, porque podemos implicar que temos de ter cuidado para colocar as nossas suposições e tirar nossas conclusões de forma responsável.

Assim, os teístas fazem a suposição de que um livro é santo, e chegam as conclusões religiosas com base nisso. Deístas e ateus têm fé na ciência, acreditamos que a ciência é muito mais internamente consistente e coerente com o que nós pensamos e que nós percebemos. A diferença entre nós é que chegamos a conclusões diferentes com base nestes pressupostos teístas e deístas que ao levar o que temos a concluir que Deus existe, enquanto ateus pegam o que eles têm e concluir que ele não o faz.

Considerando as implicações práticas desta abordagem baseada na fé a tudo. Geralmente temos fé em nossos cinco sentidos, especialmente os de tato e na visão. Mas quando vemos uma ilusão de ótica, estamos totalmente convencidos de que nós vemos algo que, na realidade, é bastante diferente. Isso demonstra que mesmo as coisas que nós tomamos para concedido e assumir para ser exato são baseados na fé, e que temos fé que nem sempre é correta.

Combine tudo isso, você pode ver a falha na lógica dos ateus, só porque a ciência não “prova” empiricamente que Deus existe isso não significa que ele não faz. Na verdade, a ciência está continuamente mudando e evoluindo à medida que aprendemos (ou pensamos que aprendemos) coisas novas sobre o cosmos. A história da ciência é feita com revoluções como muitos que existem na história da política. Independentemente do que você acredita, pensa, ou sente e não importa quanto você tente negar, você não pode escapar da necessidade da fé.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

E Madureira sobe o Pelô



Na madrugada de sexta para sábado, nossa querida pela Portela escolheu seu hino para o carnaval 2012. Para muitos um samba antológico, pois desde quando a escola anunciou os sambas concorrentes foi dado como o samba favorito entre os portelenses e para os admiradores do carnaval e da nossa Portela.

Um samba com os padrões diferentes nos tempos de hoje, pois possui três refrões em vez de dois, mas foi abraçado por toda sua comunidade e foi aceito também pela crítica que vem como franco favorito em ganhar o estandarte de ouro.

Samba de Luiz Carlos Máximo, Naldo, Toninho Nascimento e Wanderley Monteiro, interpretado por Pixulé conseguiu escrever uma obra prima desde 1995 com gosto que me enrosco, e também depois conseguiu quebrar os dois últimos anos devido a escolha de sambas não muito favorito pelos portelense.

Analisando o samba do meu ponto vista, vejo algumas partes que seriam os mais fortes do samba. Vou começar com o refrão que foi basicamente o slogan dos torcedores e o título desse artigo:
“Madureira sobe o Pelô... Tem capoeira
Na batida do tambor... Samba ioiô
Rola o toque de olodum... Lá na Ribeira
A Bahia me chamou.”

Um refrão sempre contagia sua comunidade e todos que possam escutar esse belíssimo samba, mas não é a base para o samba, pois tem mais 2 refrões e um que me chama muita atenção no samba é esse refão:

“No mar
Procissão dos navegantes
Eu também sou almirante
De nossa Senhora Iemanjá.”

Esse samba veio para entrar na história de todos os sambas, pois já fazia onze anos que a Portela não vinha com um hino tão lindo esse, sem desprezar os sambas de 98, 2008 e 2009, que também são belos, porém não antológicos.

Agora basta ensaiar o samba e deixar na ponta da língua de toda comunidade, já que a escola tem a difícil missão de ser a segunda de domingo na avenida. Mas para a Portela nada é impossível. Com um enredo em uma linda homenagem a nossa guerreira Clara Nunes e falando de Bahia, com um samba que é muito mais que um hino, é uma obra de prima, agora deixo na mão da sua diretoria e de sua comunidade, peço licença as todas co-irmãs e com a ajuda dos deuses do sambas, que são os orixás, sinto a vigésima segunda estrela no meu olhar. Para o alto e avante Portela e subindo o Pelô, vamos ganhar esse carnaval porque como Gilsinho fala: “É tudo nosso”.  

 Segue a letra do samba:

…E o Povo na rua Cantando é Feito uma Reza, um Ritual… 

Compositor(es): Luiz Carlos Máximo, Naldo, Toninho Nascimento e Wanderley Monteiro

Meu rei
Senhor do Bonfim alumia
Os caminhos da Portela
Que eu guardo no meu patuá
Eu vim com a proteção dos meus guias
Com Clara Guerreira à Bahia
Cheguei, eu cheguei pra festejar
Deixa levar, nos altares e terreiros
Tem jarro com água de cheiro
Vou jogar flores no mar

No mar
Procissão dos navegantes
Eu também sou almirante
De nossa Senhora Iemanjá

Vou no gongá
Bater tambor
Rezo no altar
Levo o andor
Vem chegando os batuqueiros
Desce a ladeira meu amor
Que a patuscada começou
Eu vim pra rua
Que o samba de roda chegou

Iaiá
De saia rendada em cetim
Bota o tempero na festa
Oi, tem abará e quindim

Portela cheia de encantos
Acolhe a bahia em seu canto
De festas, rezas, rituais
Vestido de azul e branco
Eu venho estender o nosso manto
Aos meus santos do samba que são Orixás

Madureira sobe o Pelô... Tem capoeira
Na batida do tambor... Samba ioiô
Rola o toque de olodum... Lá na Ribeira
A Bahia me chamou

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Voto Distrital: Solução ou preocupação?


Texto: Joseclei Nunes (@JosecleiNunes) e Fernando Colhado (@FuturoSociologo)

     A reforma política tão esperada por todos no país, principalmente no que se trata diretamente de resolver um dos piores e mais antigos problemas encontrados no Brasil, a corrupção! Para tanto, o que se vê na política, e com grande intensidade, e em anos eleitorais, são os já conhecidos investimentos de empresas nas campanhas eleitorais! Com base nestas informações, há uma tentativa de resolver a questão com uma alternativa aparentemente eficaz.  Através dessa reforma que tenta acabar com a corrupção dentro do país, surge um movimento com apoio de famosos, jornalistas e militantes pela mudança do sistema eleitoral do voto proporcional para o voto distrital, mas seria a forma mais certa de combater a corrupção?

  Segundo o Wikipédia, o voto distrital é, na mídia e nos meios políticos brasileiros, sinônimo de sistema eleitoral de maioria simples. Esse é um sistema em que cada membro do parlamento é eleito individualmente nos limites geográficos de um distrito pela maioria dos votos. Para tanto, o país é dividido em determinado número de distritos eleitorais, normalmente com população semelhante entre si, cada qual elegendo um dos políticos que comporão o parlamento. Esse sistema eleitoral se contrasta com o voto proporcional, no qual a votação é feita para eleger múltiplos parlamentares proporcionalmente ao número total de votos recebido por um partido, por uma lista do partido ou por candidatos individualmente.
  Desde 1988 se discute o voto distrital quando se fez o plebiscito do Parlamentarismo com simpatia de muitos políticos, porém não foi definido e até os tempos de hoje esse sistema ainda é debatido.

Como já disse o sociólogo e presidente da Vox Populli:

“No voto distrital é possível que quase a metade de uma região, estado ou do País fique sem representação. E é certo que, para as minorias étnicas, religiosas, culturais, de gênero ou opinião, entre outras, seria quase impossível eleger deputados.”

   Uma das grandes desvantagens do voto distrital e o enfraquecimento das correntes minoritárias como grupos religiosos, étnicos e outros grupos, pois quem se beneficiaria com isso seriam os candidatos que defendam interesses gerais da população, mas vamos às contas.
E com isso a representação de trabalhadores e dos movimentos sociais no Congresso é nociva, numa visão elitista de que ali só comporta os prepostos das classes dominantes, os representantes da grande burguesia (banqueiros, grandes empresários e latifundiários).
Numa previsão otimista, novamente saído de outro esdrúxulo "cálculo", vão dizer que com a nova fórmula, 35 sindicalistas não teriam sido eleitos em 2010, além disso, querem restringir a democracia e transformar o país num sistema bipartidário, antidemocrático, nos moldes dos EUA e Inglaterra. 


   No ano passado, éramos 135,8 milhões de eleitores. Se fossem 513 distritos, a média seria de perto de 265 mil eleitores em cada um.

 Em com voto distrital, a praxe é fazer essa conta, aplicando o princípio de “cada cabeça, um voto”. Quando são federativos (como os Estados Unidos), procura-se, no entanto, corrigir a eventual falta de representação dos estados pequenos, assegurando que tenham ao menos um distrito.

 Aplicando o princípio e supondo que ficaríamos com 513 distritos (pois seria pouco provável que a sociedade apoiasse o aumento do número de deputados), todos os estados teriam sua representação diminuída, à exceção de São Paulo (onde ela quase dobraria).


   Temos o um exemplo tirado de um artigo do Alberto Carlos Almeida do Valor Econômico:

Em um distrito britânico onde há três candidatos, um conservador, um trabalhista e um liberal-democrata, é comum que o candidato liberal-democrata fique na terceira posição em proporção de votos. Somando-se todos os liberais - democratas que ficaram em terceiro lugar nos mais de 600 distritos britânicos, pode-se obter, por exemplo, que esse partido teve um total nacional de 10% dos votos. Porém, como esses 10% de votos não foram para nenhum candidato que ficou em primeiro lugar, foram desperdiçados, jogados no lixo, esses 10% de votos não elegeram deputado algum. Somente os liberais - democratas que ficaram em primeiro foram eleitos, mas, somando-se a votação nacional de todos os primeiros colocados desse partido, tem-se somente 6%. É por isso que o partido fica com 16% dos votos nacionais e somente 7% das cadeiras do parlamento. Isso jamais ocorre no nosso sistema eleitoral, que é o proporcional.

   Foi assim que em 1983 os liberais - democratas britânicos tiveram 25,4% dos votos, mas somente 3,5% das cadeiras, um completo absurdo, uma completa falta de proporcionalidade, uma total injustiça distributiva quando se considera a relação entre votos e cadeiras. Em 1987 foram 22,6% dos votos que resultaram somente em 3,4% de cadeiras; em 1992 ocorreu que 17,8% dos votos foram traduzidos em somente 3,1% de assentos no parlamento. Em 1997 a injustiça foi menor, mas permaneceu: 16,7% dos votos os levaram a obter 7% de cadeiras. Daí para frente, a situação só fez piorar: em 2001, 18,3% dos votos resultaram em 7,9% de assentos parlamentares; em 2005, 22,1% dos votos conquistaram 9,6% das cadeiras, e em 2010 a situação foi ainda pior, quando 23% dos votos resultaram em somente 8,8% de cadeiras. Todos os lugares que adotam o voto distrital punem cruelmente o terceiro partido. Esqueça quarto partido, ele simplesmente não existe na prática.

   Se o Brasil adotar o voto distrital, sobreviverão apenas três partidos, que provavelmente serão o PT, o PMDB e o PSDB, já que são os partidos com a maior bancada, sendo que depois  um ficaria mais fraco futuramente e isso o país deixaria de ter um multipartidarismo e se tornaria . Enquanto isso os demais serão liquidados, extintos, aniquilados. Será justo com a liberdade de escolha que os partidos que defendem os direitos sociais, que lutam pelos trabalhadores outras causas, sejam extintos? Desta forma, com os exemplos citados, já se pode ter uma noção do quanto é nocivo se utilizar esta alternativa para a reforma política! Não queremos e nem podemos aceitar esta solução que, aparentemente, resolve a situação, quando na verdade, irá criar outros ainda piores!

  Além disso, pelas questões de distritos, alguns estados estariam na mão de verdadeiros bandidos, como o Rio de Janeiro, onde em boa parte da população vivem em comunidades sobre o comando de traficantes e milicianos, e com isso como em eleições anteriores, poderíamos ter candidatos ligados a esse tipo de bandidagem, porém, isso teria que ser bem analisado, sem falar também da bancada ruralista e dos setores empresariais, que vivem a travar qualquer lei que beneficie os trabalhadoresCom campanhas eleitorais majoritárias para deputados e vereadores, a representação desses setores (os ricos e milionários) vai aumentar substancialmente e consequentemente reduzir a bancada da representação popular.

   Então para ver apenas alguns detalhes, o voto distrital passa ser interessante apenas para um grupo majoritário, onde eles levariam o país a um ponto de 2 escolhas e não várias, como temos hoje, porém movimentos deixariam de eleger seus candidatos, mais os lideres de uma comunidade que oprime uma comunidade passa a ter mais chances do que muitos bons políticos, e seria assim, o voto distrital poder diminuir a corrupção? Deixo essa para vocês

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Se for falar da Portela, hoje não vou terminar

Texto: Joseclei Nunes (@JosecleiNunes)

Tirando do trecho de um dos sambas de Monarco, onde deu inspiração a um dos sambas mais bonitos da Portela nesses últimos dez anos com enredo, E por falar de amor... Onde anda você?

“São vinte e uma estrelas que brilham em meu olhar,
Se for falar da Portela, não vou terminar.”

 Venho aqui falar da minha e de muitos que tem uma paixão por essa escola chamada Portela, com sua águia e seu pavilhão azul e branco.

   Nascida com o nome Vai como pode e depois em referência a estrada no bairro de Madureira e Oswaldo Cruz, surge umas das escolas mais tradicionais do carnaval carioca e que continua levando multidões até hoje. Uma escola que surgiu nomes como Paulo da Portela, Jair do Cavaquinho, Tia Doca, Candeia, Zeca Pagodinho, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Marisa Monte, João Nogueira, Ary do Cavaco, Manacéia e entre outros, é quase impossível falar da Portela em apenas um artigo.

  Falar da Portela é quase falar da minha vida, pois lembro minha primeira vez que pisei na quadra, em 1993 com enredo Cerimônia de Casamento, mas a minha paixão só acendeu mesmo em 95 com Gosto que me Enrosco, com dez anos de idade.

  Campeã na primeira vez em 1935, Portela coleciona 21 títulos, com alguns recordes como sete vezes campeã seguida: 41 até 47 e a primeira escola levar 10 em todos os quesitos que aconteceu em 1953 com o enredo Seis Datas Magnas e muitas outras curiosidades que só a Portela tem.

   Mas quando se fala de Portela, também se fala de desfiles memoráveis. Desfile que mesmo não sendo campeã, são inesquecíveis.

   Apesar de não ter vivido essa época de glórias, tenho guardados sambas de desfiles memoráveis como 79 com o enredo Incrível, Fantástico e Extraordinário, onde a escola também levou o estandarte de ouro de melhor escola e samba-enredo, mas ficou apenas em terceiro lugar.

“Incrível! Fantástico! Extraordinário!
O talento de um povo
Que mantém acesa a chama da tradição
O carioca tem um "quê"
Sabe amar e viver
Ao dançar no salão ou no cordão
Trabalha de janeiro a janeiro
Em fevereiro cai na delícia da folia.”

    Em 1995, com o vice campeonato, onde a escola perdeu por apenas meio ponto, mas sempre esta na memória do portelense e de muitos que falam até hoje que é a campeã do povo. A escola vem com o enredo Gosto que me Enrosco, mais uma vez a escola leva os estandartes de ouro como melhor escola e melhor samba-enredo.

“Bate o bumbo, lá vem Zé Pereira
E faz Madureira de novo sonhar
A Portela não é brincadeira
Sacode a poeira, faz o povo delirar."

   Em 1992 com o enredo com o enredo Todo azul que o azul tem, um desfile memorável que colocou o pavilhão azul e branco na quinta posição, que faz muito portelense lembrar desse desfile:

Quero a alegria de um azulão
Sobrevoando o lindo azul do mar
Dei bilhete azul para a tristeza
Amor vem comigo sambar
Oh! Estrela, soberana triunfal
Cor de pedra preciosa
Traz a nobreza para o carnaval.”

  E também não podemos esquecer 98 e 2009.

  Em 98, depois de ficar fora dos desfiles das campeãs, a Portela novamente voltar mostrar um desfile digno de portelense, com enredo Olhos da noite onde ganha o estandarte de Ouro de melhor samba enredo e fica em quarto lugar.

“A noite, se vestiu de Azul e branco
Abril seu manto, com encanto e poesia
Seus olhos, são a luz do luar
Que ilumina a passarela, para a "Portela" passar.”

  E em 2009 como 95 e 2008, faz um desfile belo e técnico, que depois do resultado, muitas escolas achavam que a escola merecia o título, mas sem dúvida aquele ano era do Salgueiro. A escola vem com o enredo E por falar de amor... Onde anda você?, chegou a ficar em segundo até o último quesito, mas no final termina em terceiro.

“Oh! Majestade do Samba
Meu orgulho maior é tua bandeira
Chegou minha Portela! Meu eterno amor
A luz de Oswaldo Cruz e Madureira.”

  Esses são apenas alguns dos desfiles memoráveis onde a escola fez uma bela apresentação, mas não levou o título. Agora vamos falar de alguns onde a escola terminou campeã.

  Começamos por 84 com o enredo Contos de Areia, empatada com a Mangueira, perde apenas na decisão de sábado, foi também o primeiro ano no sambódromo e a escola vem falando de seus baluartes e contando a sua própria história.

“Bahia é um encanto a mais
Visão de aquarela
E no ABC dos Orixás
Oranian é Paulo da Portela
Um mundo azul e branco
O deus negro fez nascer
Paulo Benjamim de Oliveira
Fez esse mundo crescer (okê, okê).”

   Em 1980, com o enredo Hoje tem marmelada. Cheguei a ouvir de algumas partes da escola, que o enredo veio devido ao ano interior, onde a escola fizera um excelente desfile, mas não se consagrou campeã, mas 80, com certeza foi um dos desfiles mais belos que ouço falar, onde a escola se sagra campeã depois de 10 anos, mas empatada com Imperatriz e Beija-Flor.

“E nesse reino encantado
A arte se faz aplaudir
Me embala na rede do tempo
Feliz sonhador
Sou criança e vou sorrir
Arranco do peito um aplauso
E num abraço venho homenagear
Hoje a alegria do palhaço
Na tristeza dá um laço
E faz minha escola cantar.”

  E no fim 1970, com o enredo Lendas e mistérios da Amazônia. Um desfile épico, com um dos sambas mais belos de todos os tempos, a escola se consagra como campeã e chegou também a ser reeditado em 2004 em homenagem aos 20 anos do sambódromo, mas a escola fica apenas em sétimo lugar.

“Nesta avenida colorida
A Portela faz seu carnaval
Lendas e mistérios da Amazônia
Cantamos neste samba original
Dizem que os astros se amaram
E não puderam se casar.”

  É quase impossível falar de uma história tão rica como a Portela. Uma escola de samba de desfiles memoráveis, sendo algumas que não citei que até hoje se houve na quadra. Sambas como Das maravilhas do mar, fez-se esplendor de uma noite de 1981, Macunaíma, herói de nossa gente de 1975 e Ilu Ayê de 1972, além de belas músicas escritas por compositores como Foi um Rio que passou em minha vida de Paulinho da Viola e Portela na Avenida de Clara Nunes.

  Falar de Portela é isso. É amor, dedicação, Religião, família. Nos momentos de glória, nos momentos mais difíceis como em 2005, onde o enredo Nós podemos, oito idéias para mudar o mundo, onde o nosso patrimônio, a velha guarda, não entrou no desfile, nos momentos de apreensão na hora de deixar nosso maior símbolo a águia, bonita para desfilar.

  Falar de Portela, é para chorar quando entra na avenida, é para pular de alegria a cada dez e sempre manter a sua história, seu patrimônio, seus desfiles, seus compositores e toda sua família portelense, pois falar de Portela, não tem como terminar...
 

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