Quando eu fui demitido em no inicio de agosto de 2015, tinha
um filho recém nascido e pensei que seria apenas uma fase e que em breve
estaria novamente empregado e talvez até na área que estava prestes a me formar
(Licenciatura em História). Passou mais de dois anos e continuo nas estatísticas
do desemprego. Consegui me formar, mas infelizmente meu filho foi morar em
outro estado, no outro extremo do país.
Nesse período em que estou desempregado, talvez tenha feito
de tudo. Fiz cursos online, estudei idiomas, li vários livros sobre dicas de
currículos, como se comportar em uma entrevista, fazer networking, ter seu perfil
no linkedin acessível e entre outras coisas para me recolocar, mas nada disso
aconteceu. Não sou chamado para uma entrevista há mais ou menos um ano e meio
(não vou contar no que fui chamado há dois meses e o recrutador nem sequer
apareceu), quando fui chamado era para cargos inferiores a minha formação, onde
não passava nem na fase da apresentação. Meu currículo chamou atenção apenas
daquele que não fazem analise como empresas de vendas externas, marketing
multinível e corretores de imóveis, ou seja, cargos sem carteira assinada, onde
tenho que ganhar através de comissões.
Sobre a minha formação, até é complicado de opinar. Sem
emprego, é complicado de me especializar, como fazer mestrado ou até uma
pós-graduação. As pessoas que formaram comigo, já tinham seus empregos e
seguiram em suas áreas, outros não continuaram e conseguiram empregos em outras
áreas. Os que continuaram na área e acreditem, só me procuram para beber. Com a
crise do Rio de Janeiro (Cidade e Estado), não abre concursos, escolas
particulares fecharam as portas e quando tem vaga, pede experiência. Como um recém-formado
vai conseguir lecionar? Nem mesmo os famosos cursinhos ou até monitoria, eu
tentei e também não consegui vagas, muito menos uma entrevista.
Na área em que trabalhei, a administrativa, consegue se pior
que a área da educação. Em sites de empregos, tenho uma concorrência de mais de
500 pessoas. Muitas dessas empresas nem olha para quem mora longe (eu moro na
Zona Oeste do Rio de Janeiro), pois pensam e passagem, violência local e problemas
no transporte público para pelo menos te chamar numa entrevista, onde nunca
consegui uma entrevista sequer, ou melhor, quando mandam uma mensagem, fala que
meu currículo não está no perfil (leio a descrição da vaga e se tem os
requisitos, eu envio, mesmo assim, mandam).
Essas coisas infelizmente te desmotivam, você não consegue
ver uma luz no fim do túnel e desacredita que voltará a trabalhar com carteira
assinada, seja ela da sua formação ou da sua experiência. Talvez tenha feito de
tudo para me recolocar, mas infelizmente não tive sucesso. Então começo que
está na hora de esquecer que eu voltarei a trabalhar e começo em alternativas.
Não posso ir para os aplicativos, já que não tenho habilitação. Já pensei em
abrir uma consultoria de vistos consulares, mas não tenho dinheiro para fazer
toda a documentação. Aulas particulares?
Até pode ser, mas quem vai querer apoio em história. Uber Eats? Outra boa
alternativa, mas preciso consertar a bicicleta, mesmo assim, onde moro, não tem
ninguém cadastrado e o que me resta é escrever, pois talvez seja a única forma
que eu sei fazer, por isso que vou parar de procurar emprego, pelo menos com
esse desejo de que vou conseguir pelo menos uma entrevista. Vou investir em
colunas, artigos e livros de romance e não-ficção, já que nos tempos de hoje, é
fácil publicar, mesmo sem ter nada em investir. Claro que terei uma pequena
dificuldade de encontrar pessoas para revisar e editar meus textos, mas creio
que seja a única e talvez a ultima te tentar me levantar. Caso não consiga
também, vou vender bala no trem e catar latinhas na rua. Essa é a solução.
*José Nunes (@JosecleiNunes) é colunista do site Esportes Mais e Co-Fundador da União Brasileira dos Deístas. Escritor, graduado em história. Ama futebol e um bom papo de botequim.
*José Nunes (@JosecleiNunes) é colunista do site Esportes Mais e Co-Fundador da União Brasileira dos Deístas. Escritor, graduado em história. Ama futebol e um bom papo de botequim.