quinta-feira, 24 de março de 2016

As manifestações e a crise politica no Brasil



Neste último domingo para a mídia, a manifestação do dia 13 de março de 2016 foi a maior da história política do Brasil, passando até a manifestações das Diretas Já, mas os interesses políticos para os dias de hoje são bem diferentes das outras que fizeram parte da nossa política.

O cenário político hoje é o mais complicado e indeciso possível. A corrupção está em toda parte do nosso país, passamos por uma crise econômica com mais de 9 milhões de desempregados, considerada a maior dos últimos anos. A crise econômica está em quase todos os setores, além da alta do dólar. Podemos considerar como os principais problemas atuais em nosso país, pois ainda tivemos um mosquito que já era um problema com uma doença, agora traz três doenças, uma educação precária, com escolas abandonadas e professores mal remunerados e claro, a segurança, com um aumento de assaltos e assassinatos em alguns estados como o Rio de Janeiro por exemplo, isso faltando alguns meses para as olimpíadas. Com todos esses motivos, poderiam ter sido essas as principais reivindicações dessas manifestações, mas não foram.

Assim como toda democracia, toda manifestação é considerada legitima, mas o que vimos é um show de horrores e o famoso bordão como “faltaram as aulas de história”. Claro que a situação política que envolve o governo,sobretudo o Partido dos Trabalhadores gera motivos para irmos nas rua, mas o PT não é o único envolvido na corrupção que mancha a história do país desde a época da colônia. O que não podemos é culpar apenas um partido e isentar outros, como o PMDB, que sempre esteve no governo em quase todo o período desde a redemocratização em 1989, o PSDB, que também tem políticos citados na Lava Jato, além do roubo da merenda em São Paulo e o caso do "Tremsalão", além disso, outros partidos como PP, que até semanas atrás era o partido do Jair Bolsonaro e DEM, também fazem parte da história da corrupção do país. Esses não foram citados entre os milhões que foram para as ruas, apenas um grupo chegaram a vaiar Aécio Neves e o Geraldo Alckmin. Além disso, vimos também alguns grupos que defendem o fim do comunismo no Brasil, algo que não existe no país, como a intervenção militar e a volta da ditadura. Vendo essas coisas, fica até difícil de acreditar que ainda há pessoas que defendem isso.

Não há defesa ao PT, tenho criticas sobre a governabilidade deles, mas a maneira como as manifestações em se pautado, geram uma preocupação em relação ao rumo que podem tomar. Em algumas leituras, resolvi fazer uma pequena comparação das manifestações do último dia 13 com as manifestações de junho de 2013. O que vimos por exemplo nas manifestações nas manifestações atuais, começa com as lideranças que organizam o movimento, onde o objetivo é apenas por fim a um partido e sua ideologia, mas sem uma objetivo para um futuro impedimento. Muitos defendem uma linha conservadora e já posaram com outros nomes também envolvido na Lava-Jato, como o Deputado Eduardo Cunha. Esses grupos também tem apoio grupos ligados a movimentos pentecostais, ou seja, muitos querem uma alternância de poder, mas não uma solução, por isso, muitos deverão vir como candidatos nas próximas eleições, assim como aqueles que também iniciaram as manifestações de 2013, mas as pautas eram bem diferentes ou comuns como no dia a dia, como passagens baratas, melhorias na educação, saúde, segurança e saneamento, assim como outras coisas.

Precisamos pensar um pouco sobre isso e analisar a situação política do país, principalmente do que vamos absorver e analisar o que é verdade ou não. Esses grupos políticos, partidos, mídia e redes sociais querem impor o que seria bom para o nosso país, assim foi o PT quando era o oposição, chegaram ao poder e destruiu o sonho de muita gente e queimando sua própria história. Junto com eles, temos os partidos como PMDB, PSDB, DEM e entre outros, além de sub partidos como PPS, PSB, PR, PC do B e entre outros. Entre esses, devem ter pelo menos um envolvidos em corrupção ou pouco fizeram em suas cidades ou estados onde governos. Além disso, precisamos ter cuidado de nomes como Silas Malafaia, Marco Feliciano, Jair Bolsonaro e entre outros, que utilizam discurso conservador, mas não apresentam propostas concretas para o país.

Lula assumirá a casa civil do governo Dilma, isso certamente fará crescer uma revolta nacional, e ampliará a possibilidade de protestos contra o atual governo, é um tiro no pé, pois apesar do argumento de que "Lula é um ótimo articulador político", a nomeação justo nesse momento indica um suposto travamento das investigações, algo que o Planalto sempre rechaçou. Isso complica portanto a situação do governo, afinal, á cada citação que for feita ao ex-Presidente, a ilação direta a Dilma será inevitável.


Essas manifestações podem ser legitimas, mas em sua maioria servem para defender interesses e em maioria, o povo que realmente padece e pede mudanças, não comparecem, e claro que é necessário também que as manifestações tenham uma ideologia não-seletiva, é preciso protestar também contra desvio de dinheiro de merenda e nos transportes, contra o calote e o desrespeito aos servidores públicos, contra os problemas que atingem as áreas de saúde educação e segurança nos estados. Precisamos mudar isso nas urnas para que o país mude, não podemos ficar elegendo os mesmos e seus parentes fazendo com que nada mude no nosso querido Brasil.


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Edição e Argumento: Joseclei Nunes
Edição Final: Adriano Garcia

Imagens: Estadão e Folha.

quarta-feira, 2 de março de 2016

O mundo mágico dos jurados e suas justificativas



O pós carnaval de 2016 ainda repercuti, mas não estamos falando no assunto de corrupção envolvendo alguns jurados, porém eles sempre serão o motivo de muitas conversas e agora vem a questão das justificativas divulgada nessa semana pela Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA) e pela Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIERJ) e desde os primórdios dos desfiles das escolas de samba, pouco se mudou na questão do critério das notas e no resultado do carnaval. Já ouvi comentários que os jurados andavam no meio do desfile para analisar os desfiles e hoje estão em módulos, mas será que mudou também os critérios de julgar algumas escolas como antigamente?

Algumas notas após apuração, já poderíamos perceber que nada mudou em relação de alguns anos. O que faz um jurado dar 9,9 para uma escola com um samba aclamado e 10 para um samba criticado? Foi o que aconteceu com a Imperatriz e com a Grande Rio. E na questão de aclamação de prêmios? Rute e Julinho é considerado o melhor casal da atualidade, recebendo vários prêmios, mas alguns jurados não viram isso, dando 9,8 para a Vila Isabel. Outros vícios também em relação a “bandeiras” e erros parecidos, onde uma escola recebe 9,8 e outra ganha 10. Salgueiro e Mangueira desfilaram com Abre-Alas apagado, A vermelha e branca perdeu décimos, enquanto a verde e rosa garantiu o dez, conquistando o décimo nono titulo do carnaval carioca. Outra questão vem das escolas vindas do acesso, que desde a São Clemente em 2011, uma escola não consegue permanecer, mesmo com bons desfiles como A Império da Tijuca em 2014 e agora com a Estácio e mesmo assim, recebem notas bem inferiores que outras escolas que sempre brigam pela parte de cima da tabela, com os mesmos erros em muitas das vezes.

Essas comparações não são os grandes problemas, ai começa o grande momento do pós carnaval que é a leitura dessas justificativas, para enfim entendermos o motivo de tais notas para uns, mas infelizmente, não há justificativas para as notas 10, onde acho que deviria ter, mas vamos começar com um Salgueiro com "muito vermelho e branco", uma Estácio que não agradou com seu "dragão com expressão de bondade" e uma recomendação para Vila Isabel com "apoio deve ater-se a função e não pular e dançar". E ainda teve a "bateria do mestre Ciça deu um show de criatividade" e a Beija Flor com várias premiações e ambas foram penalizadas pelo julgador, Assim como a Curicica pela imprensa na pista.

Ai vem as justificativas sobre os sambas, que para muitos, foram os melhores desse carnaval. Viradouro e Imperatriz não agradaram. "Confusão sonora" esta foi a justificativa do jurado de samba enredo para penalizar a Viradouro. Já a obra de Zé Katimba e cia foi considerada "morna" pelo julgador, enquanto o samba da Grande Rio, tão criticado, recebeu 10 do mesmo jurado, vai entender?

Essas notas e suas justificativas são uma incerteza sobre até onde podemos analisar o que seria correto ou não. Debates pós carnaval nos fazem entender o que podemos fazer para um julgamento mais correto para cada desfile, assim como seu critério, que é quase o mesmo desde os inícios dos desfiles na década de 30, com pequenas mudanças nas notas, por exemplo. Também é preciso pensar sobre a questão do que são julgados pelo caderno dos próprios jurados, entenderem o que eles realmente querem e claro uma justificativa mais clara sem viagens como “vermelho e branco” em uma escola vermelha e branca, como já ocorreram em outros anos com outras agremiações. Agora vem a questão do “peso da bandeira”, por exemplo uma bateria “atravessou” e o jurado dar 9,7 para uma escola vinda do acesso e 9,9 para uma escola que briga pelo título.

Precisamos mudar alguns critérios, dando mais credibilidade do julgamento, pois não estamos no século passado, ainda mais na era digital, onde tudo se ver e se comenta e algo diferente contra a opinião da maioria, começa gerar polemica. As Ligas precisam entender dessas mudanças, fazer um desfile mais competitivo, sem beneficiar qualquer agremiação. É preciso julgar todas como iguais, dar a mesma nota para aquela agremiação que teve o mesmo erro, como não aconteceu esse ano, assim, não estaremos falando todos os anos sobre isso. Agora sobre os jurados, é preciso comprometimento, uma análise mais justa, como aconteceu com Mestre e Porta Bandeira da Portela, algumas sobre a comissão de frente e os enredos da Mocidade e Grande Rio, mas sem viagens. Nas agremiações é preciso entender até que ponto pode inovar em seus desfiles. Pensar se coloca bossa ou não, encher o carro de som de interpretes, gritos de incentivo do puxador, alegorias com água ou não ou colocar em maioria do desfile, as suas cores de origem.

Independente de tudo, é preciso conversar até o próximo ano sobre esse formato de análises que todo ano gera polêmica no pós carnaval, e está ficando claro que é uma formula batida e não adianta colocar pontos quebrados, colocar ou retirar quesito, ou até mesmo mudar o julgador, que os erros irão continuar e a credibilidade vai diminuir, só ver, por exemplo, queda de transmissões dos desfiles. É preciso mudar e criar algo mais justo e igualitário pelo bem de todas as escolas de samba que trabalha o ano inteiro para apresentar o melhor desfile para todo publico, sendo amantes de carnaval ou não.

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Imagem: Salgueiro/Divulgação

terça-feira, 1 de março de 2016

A militância que vem das arquibancadas


Tempos atrás o futebol, principalmente em países na América Latina foi uma forma de controle de massa. O Brasil na época da ditadura usava a seleção brasileira como uma identidade nacional. Na própria história, até técnico foi demitido a mando do presidente, como no caso João Saldanha e Médici. Nos tempos de hoje muitos criticam aqueles que são apaixonados pelo Esporte Bretão, achando que seria pão e circo para uma o "povo sem cultura". Mas o futebol hoje, principalmente nas arquibancadas, vem se remodelando, com torcedores mais politizados e mais críticos com aqueles que por muito tempo usava as arquibancadas para ataques preconceituosos como homofobia, imigrantes, negros e outras minorias.

Primeiro começando com clubes de origens proletárias como o Bangu, clubes que lutaram contra o racismo, como o Vasco da Gama tem essa origem em sua história, mas hoje podemos ver nas torcidas que hoje lutam pelo preço abusivo dos ingressos, a criação das arenas, deixando de lato a classes mais pobres longe do seu time, além do monopólio da televisão e até mesmo contra o horário de transmissão. Apesar disso, também surgiram torcidas de cunho marxista e antifascista que lutam contra o racismo, homofóbica, imigrantes, refugiados e entre outros e claro na luta contra o futebol moderno.

Esses movimentos ficaram bem mais fortes após o ocorrido na Argentina em relação a lei dos medios e a transmissão das partidas na TV do governo. Como também de clubes como St Pauli e Schalke 04 da Alemanha, onde suas torcidas ultimamente aparecem em defesa de refugiados, homossexuais e a na luta contra o machismo e o Rayo Vallecano na Espanha. St Pauli por exemplo teve o primeiro presidente assumidamente gay, enquanto o Rayo foi o primeiro clube ter uma mulher no comando. Exemplo disso tem o Vasco que teve o primeiro presidente negro.

Nas torcidas, surgiram torcedores anarquistas e comunistas como os Ultras Resistência Coral do Ferroviário no Ceará e torcidas marxistas como Galo Marx, que seria o percursor desse movimento e hoje temos a Vasco Marx e Vascomunistas e a Fla Marx, como também surgiram as torcidas antifascistas como A Bangu, América RN e outros clubes.

Apesar dessas torcidas e o enfraquecimento das torcidas organizadas, começaram a surgir as "Barras Bravas", em relação as torcidas da argentina e os ultras na Europa. Torcidas como a Guerreiros do Almirante, do Vasco, Castores da Guilherme, do Bangu e entre outras são grande exemplo de “barra". Esses movimentos que já existiam na Europa e alguns países da América do Sul vem crescendo no Brasil, primeiro nas questões sobre os preços dos ingressos, os descasos das confederações, federações e nos próprios clubes, a exemplo do Bangu, que politicamente está nas mãos do Rubens Lopes e hoje tem sofrido uma forte resistência do grupo Reage Bangu, que é formado por torcedores que pedem mudança no estatuto e no próprio clube e no ultimo sábado houve um protesto contra a diretoria com faixas, onde pediram a polícia para que fossem retirado, mas a torcida não deixou. Outro momento importante veio em São Paulo com a Gaviões da Fiel, a principal torcida do Corinthians colocando faixas contra a corrupção da CBF, o monopólio da Rede Globo e contra o governo de São Paulo e mesmo apesar da resistência sofrida, eles mantiveram os protestos e pouco podem fazer, pois não há nada no estatuto que essas manifestações sejam proibidas e assim vai acontecendo por todo país.

Essas manifestações é positiva para o nosso futebol e para a evolução política no Brasil. Se antes, as torcidas iriam apenas para torcer ou para brigar, elas passaram se unir em prol das lutas sociais, do controle das transmissões da partidas e contra o aumento dos ingressos. Claro que haverá resistência entre o criticados, alguns torcedores não concordam com “essa junção”, mas o cenário político atual envolvendo a nossa sociedade e até mesmo no futebol fizeram que esse movimentos surgissem e a cada vez que tentarem calar esses movimentos, mais eles vão crescer e vão lutar contra aqueles que fazem tudo para deixarem fora das arquibancadas.

*Joseclei Nunes (@JosecleiNunes) é fundador e editor do blog Futebol Retrô. Escritor, graduando em História. Ama futebol, política, escolas de samba e um bom papo de botequim. 

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Imagem: Getty
 

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