quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Seja a exceção da regra



Hoje faz dois anos e três meses que estou desempregado. Nesse período fiz cursos onlines, estudei dois idiomas, me formei na faculdade, leio três a cinco livros por semana e mudei meu currículo três vezes. Tudo seguindo as regras dadas pelos "coachings" do Recursos Humanos. E qual foi o resultado? Continuo desempregado.

Como muitos que estão na procura de uma recolocação, eu tenho contas a pagar, um filho para criar e tenho que me alimentar. Talvez hoje se não fosse a ajuda da família, estaria numa situação bem crítica na vida, ou seja, vivo o pior momento da minha vida, onde meu filho mora em outro estado, não o vejo há um ano e meio, não posso ajuda-lo financeiramente e muito menos poder está perto e acompanhar a sua fase de crescimento, onde ele cresce sem a presença de um pai ausente por força maior. Isso tudo é um motivo para está em depressão, algo que diariamente tento enfrentar para não entrar de vez. Imagina essa minha história contadas por outros tantos que devido ao desemprego e falta de oportunidade perderam suas casas, suas vidas ou foram para o caminho errado.

Mas voltando ao início do artigo. Quando perdi o emprego, acreditei que isso seria algo passageiro e que voltaria em breve ao mercado de trabalho, principalmente na área de educação onde estava me formando em história. Entreguei 50 a 100 currículos por dia, me cadastrei em diversos sites de empregos, entrei em grupos do Facebook, segui pessoas ligados ao Recursos Humanos no LinkedIn. Toda regra seguida pelos "especialistas" e nenhum resultado. Essas regras não são para todos, vale para aqueles que tem uma renda para investir nisso e tempo para pesquisar e ter o currículo de agrado para aqueles querem ver o que ensinam, fora isso, se não faz parte desse ciclo, com certeza é excluído do sistema.

Para nós que estamos desempregados, há regras, talvez parecidas com aqueles que tentam uma vaga no mestrado. Hoje o currículo precisa seguir regras de formatação, palavras chaves e um bom resumo, assim talvez isso chama a atenção dos recrutadores. sendo apenas o básico, já que por baixo disso, vem o preconceito. Anos atrás, o Jornal Extra publicou uma reportagem que empresas do Centro e da Zona Sul do Rio de Janeiro não estariam mais contratando moradores da Zona Oeste e da Baixada Fluminense por causa do transporte, do trânsito e da violência. Isso prova que o local que você mora é mais importante que a sua experiência. Basta ver hoje os anúncios com pré-requisito como morar próximo uma passagem ou modal, sendo que mais de 80% das vagas são nesses lugares, como fácil acesso ao Metrô, que não tem nos locais de maior população. Além disso, hoje as empresas e recrutadores entram nas suas redes sociais e dependendo do que podem encontrar, descartam seu currículo automaticamente. Sem falar do preconceito em questão de raça, gênero e ideologia que também te elimina por informações básicas, exemplo o meu currículo que tem formação em história e no momento polarizado do país, pode significar que eu seja de esquerda. No livro como conquistar e manter emprego do Vladimir Crivelini, o autor falou que quase deixou de contratar um funcionário por ser gordo por achar que não exerceria tal função, mas desistiu da ideia, contratou e ele fez um bom serviço e foi promovido em seis meses. Por pré julgamento, ele nem seria contratado e não teríamos essa história. Quantas pessoas não tiveram essa oportunidade por isso?

Muitas pessoas falam que isso é apenas uma fase, que eu precise acreditar e persistir para chegar ao sucesso como conseguir um novo emprego. Talvez eu vivo o meu momento em questão de conhecimento, mas se depender dessas pessoas, não vou chegar ao êxito e vou acabar vivendo na informalidade e no subemprego. O que me resta é catar latas, vender balas na rua ou escrever livros e artigos para gerar uma renda. Acreditar que estarei empregado novamente virou quase uma ilusão da minha vida, pois pelo visto, sou uma exceção dessa regra imposta e garanto que tenha milhões de pessoas parecidas com a minha história, onde por mais que busque, talvez não tenha oportunidade por pré julgamento ou por não ter uma oportunidade de buscar o que eles desejam. Então amigos, vamos ser a exceção e buscar o nosso com as nossas pernas e sem dependência daqueles que nos avaliam ou fingem avaliar se está apto ou não.

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