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Há quatro anos eu publiquei um texto (clique aqui) como é viver o dia a dia em país cada vez mais evangélico. Hoje reformulo para o texto falando como é viver o dia a dia em um país cada vez mais conservador e evangélico, ainda mais quando se é membro das religiões de matriz africana. Na semana passada, uma menina de onze anos foi apedrejada por alguns “malucos” e no momento do ato, eles estavam com a bíblia na mão, utilizando palavras como “diabo” e “Vai para o inferno” por esta com vestimentas da sua religião em saída de culto. De fato seria preciso entender um pouco, porque essa perseguição as religiões como Candomblé e umbanda e quem seria os culpados por esse tipo de intolerância que não termina e só aumenta.
Há quatro anos eu publiquei um texto (clique aqui) como é viver o dia a dia em país cada vez mais evangélico. Hoje reformulo para o texto falando como é viver o dia a dia em um país cada vez mais conservador e evangélico, ainda mais quando se é membro das religiões de matriz africana. Na semana passada, uma menina de onze anos foi apedrejada por alguns “malucos” e no momento do ato, eles estavam com a bíblia na mão, utilizando palavras como “diabo” e “Vai para o inferno” por esta com vestimentas da sua religião em saída de culto. De fato seria preciso entender um pouco, porque essa perseguição as religiões como Candomblé e umbanda e quem seria os culpados por esse tipo de intolerância que não termina e só aumenta.
No dia 21 de janeiro foi
sancionado como Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa pelo
Presidente Lula devido a morte de Mãe Gilda que foi perseguida e maculada pela
Igreja Universal do Reino de Deus a qual foi condenada pelo crime bárbaro, mas
continua funcionando normalmente, não fez ajustamento de conduta e sequer teve
alguém preso, apenas pagou uma indenização ínfima frente ao tamanho do seu
império. Fui membro por um ano da Igreja Universal e nesse período fiquei um
pouco abismado com a utilização dos Deuses africanos em seus cultos. Em 1997, o
líder da Igreja, o Bispo Edir Macedo lançou o livro chamado Orixás, Caboclos e Guias: Deuses ou
Demônios? O livro virou Best-seller
no país, vendendo mais de três milhões de exemplares. Nele, o autor atacou as
religiões de matrizes africanas, comentando sobre manobras satânicas e como os
responsáveis das doenças, vícios e outros males que o mundo vive. O livro
chegou a ser retirado de circulação em 2005, porém voltou a vender no ano
seguinte.
Em 2011, o Coletivo de
Entidades Negras/CEN lançou um Mapa da Intolerância Religiosa no Brasil, denunciando
diversos casos de intolerância registrados pela mídia, a má utilização das
concessões públicas de rádio e televisão que muitas vezes se comportam como
espaços de promoção do desrespeito, intolerância e ódio religioso, como também
observou a necessidade do aprofundamento da garantia da democracia para além da
letra fria, e muitas vezes distante do direito, mas pela concretização enquanto
um fato no dia a dia das pessoas que necessitam ter acesso a justiça e crer no
seu cumprimento enquanto um dever do Estado, mas uns dos problemas não estariam
somente por essa má utilização, ela também pode ser encontrada nas salas de
aula, principalmente nas escolas públicas. Um relato de um professor nas redes
sociais sobre a dificuldade de falar de assuntos relacionado a África, durante
essas aulas, é normal ver alunos que a situação vivida pelo continente, como
fome e pobreza, vem decorrente da fé que eles acreditam, utilizando palavras de
baixos cunhos como continente do Diabo e amaldiçoado, isso uma vez foi
comentado pelo Pastor Marco Feliciano em seu twitter. É claro que os problemas
da África não é ligado a religião, mas isso é uma outra história e requer um
outro texto.
Os casos de intolerância
religiosa como o que acontecem nos exemplos citados acima não são isolados.
Segundo dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
(SDH), somente em 2014, o Disque 100 registrou 149 denúncias de discriminação
religiosa no país, com total de 26,17% ocorridos no estado do Rio de Janeiro e
19,46%, em São Paulo. Os números mostram que a intolerância religiosa ainda é
uma realidade no país, onde as principais vítimas são as religiões de matriz
africana, como o candomblé e a umbanda. Para o presidente da Comissão de
Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, deputado Paulo Pimenta
(PT-RS), essa onda de conservadorismo e intolerância religiosa tem cada vez
mais adquirido características violentas. “O que está na base disso tudo é a
ideia violenta e reacionária da incapacidade de conviver com a diferença e a
diversidade”, destaca o deputado.
A perseguição
institucionalizada a religiões de matrizes africanas já fez parte da história
brasileira, onde no passado não muito distante terreiros eram perseguidos pela
polícia e fechados (muitos objetos de culto foram parar em delegacias no Rio e
em Salvador na primeira metade do século XX), mas a intolerância ainda
permanece nos tempos de hoje, toda vez que o Candomblé e a Umbanda são demonizados
em TVs, rádios e internet, o que acontece com frequência, porém não há punições
para que isso aconteça e isso teoricamente tem a crescer.
Talvez seja um pouco fácil
de encontrar os idealizadores e culpados, mas de fato serão imunes, as
perseguições contra as religiões, assim como outras minorias e por mais que
esteja escrito na Constituição, a intolerância não será combatida, talvez pelo
simples fatos de não haver interesses para esses tais lideres e o crescimento
de igrejas de cunhos neopentecostais, que historicamente, seriam os principais
culpados ao ataques as religiões afros, principalmente nas ultimas décadas.
Acho que precisamos repensar, ter mais controles sobre novas igrejas, com
fiscalizações se elas pregam de fato o que era ser pregado, o amor de cristo,
mas infelizmente, muitas dessas igrejas, usam o medo para adquirir mais membros
e assim arrumam um culpado, as religiões de Matrizes Africanas. E será que por
essa culpa teremos mais uma Naiara e Mãe Gilda para serem apenas mais uma nas
estatísticas? É preciso combater a intolerância religiosa, senão, será tarde
demais
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