15 de fevereiro de 2016 será
uma data que alguns não irão esquecer. Foi data que a tradicional Tupy de Braz
de Pina, umas das escolas mais antigas do carnaval carioca, confirmou o seu
acesso para o Grupo D, a quinta divisão do carnaval carioca, ao conquistar a
segunda colocação do Grupo. A agremiação que não desfilava desde 1998, voltou
depois de 17 anos, quando desfilou ano passado, ficando com a sexta posição.
Originado de um time de
futebol e de um bloco carnavalesco, pelos bairros da Penha,
Penha Circular, Cordovil e Vista Alegre o Grêmio Recreativo Escola de
Samba Tupy de Braz de Pina foi fundado na Rua Guaíba em 20 de janeiro de 1951,
no bairro que lhe deu o nome. Em seus primeiros anos, desfilou apenas pelas
ruas do subúrbio, até 1956, quando fez sua primeira apresentação na Praça Onze,
desfilando sem concorrer e com as cores azul e branco, a escola ganhou notoriedade
pela apresentação do samba “Seca do Nordeste” no carnaval de 1961, quando foi
vice-campeã do Grupo de Acesso A, perdendo apenas para a Unidos do Cabuçu. A
agremiação que teve um grande time de compositores como Nelson Bigode, Bahia, Jacir Santana, Capemba, Aquino dos Santos, dona
Cila, João Magrinho e entre outros e teve em seu carro de som, o Grande
Sobrinho, que foi apoio de Jamelão e também passou por escolas como Unidos da
Tijuca, Unidos de Bangu e entre outras.
A trajetória da
Tupy na história do carnaval carioca começou com o vice-campeonato do Grupo 2, em
1961, um dos grandes "sambas de enredo" dos carnavais cariocas: Seca
no Nordeste, de autoria do carnavalesco Antonio José Soares. No estilo
"prece-lamento", quando os sambas de enredo tinham um ritmo mais
cadenciado que foram marcantes na década de 60, O samba de autoria de Gilberto
Andrade e Waldir de Oliveira, fez grande sucesso e além da gravação oficial com
o intérprete da Escola, também foi gravado por Jamelão, Ivan Lins e Clara
Nunes.
“Sol escaldante,terra poeirenta
Dias e dias,meses e meses sem chover
E o pobre lavrador com a ferramenta agude
Dá forte no solo duro
Em cada pancada parece gemer
Hum...hum..hummm
Geme a terra de dor.”
Apesar do
sucesso de 61, que garantiu o acesso, a escola não teve sucesso no ano
seguinte, sendo rebaixada com o enredo Gonçalves Dias e suas memórias, ficando
na ultima posição, retornando para o Grupo A, onde ficou até 1972, onde foi
campeã com o enredo com o enredo escrito pelo
carnavalesco Jairo de Souza, Chiquinha Gonzaga, alma cantante do Brasil e o
samba escrito pelos compositores Alfredo Maia e Foguete.
“Apaixonada e atraída
Pela beleza
Das luzes da ribalta
Compôs de admirável
Partitura para opereta
A corte na roça
Dirigiu um concerto
De cem violões
Engalanando a platéia
Dos nobres salões
Nesta melodia
Vamos recordar
A maestrina
Da música popular.”
Em 73, a escola
novamente seria rebaixada para o Grupo de Acesso, com enredo Assim dança o
Brasil - Formação das danças brasileiras, autoria de Carlos de Andrade. Em 74,
permaneceu no grupo, ocupando a sétima posição com o enredo Essa nega Fulô, até
retornar para o Grupo Especial em 75 com o enredo Brasil, glória e integração,
conquistando o vice-campeonato, vencido pela Lins Imperial.
Em 1976, apesar
de toda dificuldade por causa do afastamento do presidente Gilsinho (acusado de
mau uso da subvenção) a Tupy teve que fazer festas, almoços e reuniões para
pagar segmentos. O samba foi bem recebido na voz de Celso Landrini, porém a
escola desfilou após Em Cima da Hora, atrasada por causa de um temporal,
atravessando o samba devido a um problema do cavaco, o puxador teve que parar
de cantar e saiu sobre vaias, terminando no ultimo lugar e voltando para o
Grupo de Acesso, ficando até 78, quando foi rebaixada para o Grupo B (Antigo
A2), com o enredo Manôa, um sonho dourado. Em 79, novamente foi rebaixada com o
enredo Folia, Folia!, ficando no grupo 2ª até 1987, com o enredo Marlene, a
estrela maior, ficando com o vice-campeonato, atrás apenas da Paraíso do
Tuiuti, onde ficou por apenas dois anos, sendo rebaixada para o Grupo B em
1989, com o enredo Rio boa praça, em 1994, com o enredo Sargentelli, hoje o
show é na Avenida. Em 1995, a Tupy ficou na terceira posição, com o enredo Eu
era Feliz e Não Sabia, caindo em 98, com Bornay, a Lenda Viva do Carnaval. Em
97, a escola caiu novamente com Brava gente brasileira e no ano seguinte, a
agremiação parecia dar a volta por cima ao ser promovida voltou ao Grupo de
acesso D. Contudo, foi esse o último ano da agremiação das cores azul e branco
no carnaval carioca, que enrolou a bandeira.
Após 17 anos, a
Tupy voltou ao carnaval, desfilando pelo Grupo E (Avaliação), reeditando o
enredo de 1983, Mistérios das Matas com Ossam, Ossanha e Oxóssi, ocupando a
sexta posição. E esse ano, novamente no Grupo é, a escola subiu para o Grupo D,
com o enredo Tania Índio do Brasil - Destaque da Vida e do Carnaval,
conquistando o vice-campeonato, atrás apenas da estreante Nação Insulana.
Parecia
impossível mas o desejo de muitos do carnaval gostaria de ver novamente a Tupy
e agora a escola em novo endereço na Penha circular volta ao carnaval e agora
no grupo D, irá desfilar no domingo. Com certeza, estaremos torcendo pela Tupy
e queremos a escola desfilando em breve na Marques de Sapucaí.