quarta-feira, 11 de maio de 2016

Santa Cruz - Do fundo do poço ao renascimento


Setembro de 2010, o Santa Cruz perdia para o Guarany de Sobral por 2 a 0 e era eliminado da Série D, a quarta divisão, a ultima divisão do futebol profissional no Brasil, além disso, as contas do clube estavam no vermelho e as (poucas) receitas de bilheteria foram penhoradas. Maio de 2016, o Santa Cruz conquistou a volta a Série A, conquistava o principal título da sua história, a Copa do Nordeste e na semana seguinte, conquistou também a o bicampeonato do Campeonato Pernambucano em cima do principal Rival, o Sport Recife.

Levantando esses troféus, o Santa Cruz consolidou uma história de superação que culminou com a volta à Serie A do Brasileirão após dez anos e nesse processo de colocar o clube novamente na principal divisão do futebol brasileiro, a sua torcida foi o principal integrante para a reconstrução do clube e a atual gestão do Santa Cruz promoveu uma grande mudança no time e em 2015, quando assumiu o comando do clube, o presidente Alírio Morais avisou logo que na sua administração a relação com a torcida coral seria horizontal, direta e prioritária. E assim tem sido.

Apesar da grande gestão do atual presidente e ajuda de sua torcida, a reconstrução do clube pernambucano começou em 2011, quando disputava a Serie D pelo segundo ano consecutivo, tendo a força de sua torcida tendo a maior média de todas as divisões e em outubro, o clube garantia a vaga da Série D, porém perdia o título para o Tupi de Minas Gerais e Entre 2011 e 2013, o clube conquistava também o Tricampeonato Pernambucano e no ano do Tri, o Santa conquistava o título da Série C, em cima do Sampaio Correa do Maranhão dentro do Arruda para a alegria da sua torcida. Em 2014, o clube completou 100 anos, mas não conseguiu o pernambucano, perdendo para o Sport e bateu na trave no acesso a Séria A, mas em 2015, com uma reformulação da diretoria e da equipe, com Alirio Moraes que assumiu a presidência do clube o Santa voltou a conquistar o estadual e no segundo semestre enfim voltaria a elite do futebol brasileiro, vencendo o Mogi Mirim e em 2016, mesmo não começando bem a temporada vinha enfim a glória: a Copa do Nordeste e o bicampeonato estadual para a alegria de sua torcida tão apaixonada pelo clube.

O renascimento do Santa Cruz não foi do dia para noite. Diretoria e torcida se uniram para colocar o clube em seu devido lugar, veio o programa de sócios, chegando a 13 mil associados, além disso,  após 13 anos, trouxe de volta atacante Grafite, campeão da Libertadores e do Mundial pelo São Paulo em 2005 jogador da Copa de 2010 pela Seleção Brasileira, que foi um dos hérois na volta à Série A, mas a chegada do atacante só foi possível por meio de parcerias e com isso as receitas aumentariam. Em 2015, com uma arrecadação de R$ 15 milhões, entre bilheteria, patrocínio e direitos de televisão. Em 2016 e a previsão estimada é de R$ 40 milhões pela disputa da Série A, Copa do Brasil e Copa Sulamericana.

Quando o Santa Cruz estava preso na quarta divisão do futebol brasileiro, dificilmente algum torcedor imaginou que em pouco tempo a situação do clube seria tão boa. Desde 2011, quando os pernambucanos deixaram a Série D para trás, até o dia dois de maio de dois mil e quinze, o clube reconquistou seu status de time de primeira divisão, venceu cinco edições do campeonato estadual em seis anos. O clube chegou muito próximo do fundo do poço, e nada como um inédito título regional e mais um estadual para servir de exemplo para o resto do país que estaria de volta a elite do futebol brasileiro, com a importância sublinhada por Grafite, que voltou com o objetivo claro de ser campeão e conseguiu. “Com certeza para mim é o maior título”, disse, em entrevista ao Esporte Interativo.
Ainda é muito cedo para imaginar o futuro do clube, pois vimos um presidente correndo atrás, falando ao torcedor que acreditem, devem vir novos reforços, melhorar o Arruda e captar investimentos, além de uma cota de TV melhor para que o clube seja um dos principais clubes do Nordeste e no Brasil. Claro que torcedor apaixonado pode acreditar, pode sim sonhar com uma Copa no Brasil, uma vaga na Libertadores e até mesmo um título intercontinental com a Sulamericana. O Santa Cruz está indo no caminho e com a ajuda da diretoria e da torcida, outras noticias boas irão acontecer e que setembro de 2010 sirva de exemplo para muitos clubes e nós mesmos no dia a dia.


Joseclei Nunes (@JosecleiNunes) é fundador e editor do blog Futebol Retrô. Escritor, graduando em História. Ama futebol, política, escolas de samba e um bom papo de botequim.

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O ódio e Jair Bolsonaro


No dia 14 de abril, na votação do impedimento da presidente Dilma Roussef na Câmara dos deputados, um comentário durante a votação gerou repulsa a muitos brasileiros. O discurso do Deputado Federal Jair Bolsonaro lembrando o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. Mas apesar do discurso, a página do então torturador no inicio da década de 70 cresceu de admiradores e com isso nomes como Marighella e Lamarca voltaram a ser comentados entre aqueles que hoje se denominam anti-comunistas, que é uma das principais pautas de ataques da família Bolsonaro.

Mas não só os comunistas são atacados. Há anos, outras minorias como negros, LGBTs, Índios, Mulheres e entre outros são atacados pela sua militância, pois é bem comum ver postagens contra cotas, ações sociais como Bolsa Família e a maioridade penal. Esses discursos de ódio em sua maioria vêm na base de “memes”, palavras de baixo calão e sem argumentos, quando são refutados, eles atacam te chamando de “petralhas”, “feminazis”, “comunistas de merda” e entre outras coisas como “vai para cuba” e etc. Mas no que de fato Bolsonaro e seus seguidores podem incomodar para o futuro da política brasileira?

Jair Bolsonaro será candidato a presidente em 2018 e seu filho, Flávio Bolsonaro candidato a prefeito da cidade do Rio de Janeiro esse ano. Até a publicação, o pai está mais ou menos com 6% nas intenções de votos, ocupando a quarta posição e o filho tem 5% na quinta posição. Politicamente, eles não terão representatividade e nem apoio político para que alcancem os postos no executivo, porém a cada discurso da família, cresce o o número de simpatizantes, basta analisar o numero de votos pré e pós as redes sociais que veremos a diferença. Antes, tinham votos fixos, de determinadas classes, hoje conseguem ser os mais votados devido ao crescimento de simpatizantes, que entre eles são aqueles que acham que os comunistas vão tomar o Brasil, algo que nunca aconteceu nem na ditadura e nem no governo PT, além do incomodo da militância LGBT e feminista, que apenas lutam por seus direitos, algo que supostamente a família é contra.

Nessa base, podemos ver o que eles hoje representam para seus militantes e defensores. Claro que Bolsonaro quer holofotes e minutos de fama, mas seus discursos viram um mantra para quem defende suas falas e com isso, já é costume vermos nas redes sociais discursos de ódio, além de ataques para aqueles que tanto criticam. Muitos deles talvez estejam cansados pela crise política, a violência diária e toda corrupção que está acontecendo no Brasil, mas muitos acabam vendo nele uma solução, o que evidentemente não é, assim analisamos que muitos deles, tem pouco conhecimento político e econômico ou até nenhum nota-se isso nos discursos,  essas pessoas achando que é o remédio para a doença que supostamente se chama comunismo, achando por exemplo, que existe um plano bolivariano, junto com o Foro de São Paulo para tomar o Brasil e América do Sul. Além disso, aplaudem tudo que eles postam em suas redes sócias. Jair por exemplo nos debates é fácil de contradizer e ser refutado, assim como na entrevista no Jô Soares e na resposta da revista Nova Escola, quando ele resolveu criticar a educação e o tal “kit gay” que ele tanto fala, com isso e até pensamentos fascistas, usa-os como uma forma de se promover, aumenta com seu discurso autoritário  o ódio aos comunistas, as minorias e tudo social que tenha sido feito nos últimos anos, lembrando um pouco a política inicial de Hitler e Mussolini após a primeira guerra, é bem preocupante.

Esses discursos vêm afetando o dia a dia do brasileiro. LGBTs continuam sendo agredidos nas ruas, pessoas aos vestirem vermelho ou até ao comprarem livros de cunho comunista, são hostilizados pelo simples fato de usar algo que contradiz o pensamento deles e além disso, políticos, artistas e militantes de esquerda são agredidos verbalmente nas redes sociais e estabelecimentos como restaurantes e aeroportos e ninguém da família Bolsonaro, por exemplo, se posiciona para que essas coisas não acontecem, alias, colocam mais lenha na fogueira, como uma postagem do Jair, comentado sobre as manifestações em seu apartamento, mostrando mais ódio entre seus seguidores e provocando para um confronto entre as militâncias.
Esse discurso vindo da Família Bolsonaro e sua militância realmente preocupam, mas como diminuir isso? Talvez dar menos ibope aos seus comentários ou tentar cassar seu mandato, mas nenhuma das duas opções se concretizará e assim ficarão mais fortes, podendo enfim ganhar uma eleição para cargo executivo e alguma eleição futura. Então precisamos pensar até quando vai a libertinagem verbal do Bolsonaro, analisar até que ponto influenciará para a sociedade, que de fato, é carente de “heróis”, seja ela qual for. Claro que para ele, como político e até o uso de seu marketing, vai ganhando notoriedade na política, algo que ele não tinha antes das redes sócias, sem aprovar nenhum projeto em quase 20 anos no legislativo, porém suas palavras têm grande poder, podendo gerar conseqüências sérias como mortes e tragédias.

*Joseclei Nunes (@JosecleiNunes) é fundador e editor do blog Futebol Retrô. Escritor, graduando em História. Ama futebol, política, escolas de samba e um bom papo de botequim.

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Foto: Agência Brasil.

Por mais Leiceters no futebol



Dois de maio de dois mil e quinze será uma data surpreendente e histórica até para o mais confiante torcedor apaixonado pelo seu clube, será a data em que o Leicester conquistou o primeiro título do Campeonato Inglês, a Premier League. Título conquistado de forma antecipada, restando duas rodadas para o fim do campeonato. Claro que o título dos foxes é uma grata e bela surpresa ao futebol inglês e mundial, é a prova que o futebol não vive apenas de bilhões em contratações e formações de supercraques para conquistar títulos e torcedores.

Os foxes quebraram a escrita de 20 anos, quando o Blackburn Rovers foi campeão, fora isso, apenas Arsenal, Manchester United, Chelsea e Marchester City conquistaram a Premier League, sendo que os últimos citados conquistaram devido aos bilhões investido para formação de Super elenco e o Leicester com um elenco bem inferior, sendo a quarta menor da temporada quebrou a regra, apesar de ser uma bela surpresa até para o técnico Claudio Ranieri e elenco, que após escapar do rebaixamento da temporada anterior, o objetivo dessa temporada seria também escapar da degola, mas a história foi bem diferente e agora eles jogarão a UEFA Champions League, para alegria daqueles que ainda acreditam no futebol e que o acaso pode acontecer, mesmo com todo dinheiro e glamour que ele nos trás, mas o futebol ainda vive e o Leicester é a prova disso.

Apesar da conquista não é uma exceção em nosso futebol, mas é menos comum como antigamente. A ganância de montar super elencos, interesses financeiros de jogadores, a elitização e os direitos de televisão diminuem as chances para que essas equipes de menor investimento tenham êxitos no futebol, seja o torneio que for realizado. De fato é complicar tempos de outrora para os tempos de hoje, mas temos conquistas recentes como a do Wolfsburg, campeão Alemão em 2009 e Montpellier na França em 2012, assim como a Grécia campeã da Eurocopa em 2004. Em tempos mais antigos na Inglaterra, temos o Derby County campeão em 72 e Nottingham Forest em 78, ambos com o lendário técnico Brian Clough, além do Ispwish Town em 62 e sem esquecer do Porto, campeão da UCL em 2004.

A América do Sul também tem suas surpresas, com Lanús conquistando o primeiro título do argentino em 2007, assim como Banfield ao conquistar em 2009, revelando o meia colombiano James Rodriguez e Arsenal de Sarandí campeão em 2012, além dos títulos do Olmedo, campeão equatoriano em 2000 e Cobresal em 2015.

 Já dentro do cenário intercontinental, as surpresas foram o título do Atlético Nacional, primeiro colombiano campeão da Libertadores em 2009, depois veio com o Once Caldas em 2004. Assim como a Colômbia, o Chile conquistou o primeiro e único titulo com o Colo Colo em 1991 e Equador com a LDU em 2008.

No Brasil, as surpresas foram poucas, mas temos o Guarani campeão Brasileiro em 78, Coritiba em 85, onde teve o Bangu como finalista e Brasil de Pelotas como semifinalista. Em 87, veio o primeiro título nacional do Sport e em 88 com o Bahia, sem contar o título da Taça Brasil, conquistado na década de 60 e fechando com o Atlético Paranaense em 2001, fora isso, as surpresas vieram na Copa do Brasil com Criciúma em 91, Juventude em 99, Santo André em 2004 e Paulista em 2005, além de surpresas como Bragantino no inicio da década de 90, Portuguesa em 96 e São Caetano, no início do Século XX, conquistando o campeonato estadual em 2004, apesar que o paulista tem o Ituano em 2013 e a maior zebra considerada que foi o titulo da Inter de Limeira em 1986 sobre o Palmeiras.

O título do Leicester foi importante para repensarmos o futebol e o caminho que vai seguindo. Clubes são comprados por bilionários, sem nenhuma identificação, jogadores que mudam de camisa, sem ter uma própria história, além de times que garimpam jogadores de países com poder financeiro bem menor como moeda de troca, além de formar seleções com astros para aumentar seu poderio e conquistar títulos e torcedores que nem sequer acompanhará o time e outras coisas mais que afasta muitos do futebol.

Agora ver uma cidade pequena, com um time sem expressão, que na temporada passada brigava para não cair e na temporada seguinte conquistar o titulo do torneio mais rico do mundo, com um elenco que não chega a metade do valor de um jogador de um time que gasta bilhões e joga de igual para igual mostra que o futebol ainda vive e que nem tudo é movido a dinheiro e que acima de tudo, a paixão pelo clube, mesmo que modesto, vale mais do que Reais, Barcelonas, PSGs, e por ai vai. Claro que nos tempos de hoje, isso é bem incomum de acontecer, principalmente aqui no Brasil, onde há uma enorme diferença daqueles que se considerados grandes com aqueles que médio e pequeno porte. Talvez não veremos um Santa Cruz, atual campeão da Copa do Nordeste conquistando um nacional, até mesmo o Campinense, campeão do mesmo torneio em 2013, assim como clubes tradicionais como Bangu, América, Juventus e entre outros.

Mas é preciso pensar e que o Leicester hoje seja o inicio ou a volta daquilo que fez muitos se apaixonarem pelo esporte, e claro que o que mais queremos é um futebol mais igualitário para todos e que mais clubes como Wolfsburg, Montepllier e entre tantos clubes conquistem mais títulos jogando com a alma, com a garra e a torcida sempre ao seu lado, não deixando nunca o futebol morrer.


*Joseclei Nunes (@JosecleiNunes) é fundador e editor do blog Futebol Retrô. Escritor, graduando em História. Ama futebol, política, escolas de samba e um bom papo de botequim.

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Imagens: Getty. 


 

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