quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Analisando as eleições municipais e projetando 2018


As eleições municipais de 2016 foram algo inédito em nosso país. Além da crise, também vieram as questões sobre a política nacional envolvendo o impedimento da presidente Dilma Roussef e a polarização entre direita e esquerda. Sobre esses pontos, vem os interesses para as eleições de 2018 e essas eleições mostraram um pouco sobre as pretensões de alguns nomes que buscam fortalecer suas candidaturas para presidente, governador, além de senador que será duas vagas nas próximas eleições.

O grande vitorioso foi o PSDB, já o grande perdedor foi o PT. O PMDB continua liderando o número de prefeitos nas cidades, mas na questão populacional, os tucanos assumem ponta. O partido do Lula foi um dos grandes derrotados. Se em 2012 era a terceira força em prefeituras, hoje é apenas a décima. Houve também um avanço entre os conservadores, além de nomes com a imagem de não-políticos e o aumento de brancos e nulos, além das abstenções, mostrando a insatisfação da população com a política atual.

Como grande vencedor nas eleições, conquistando cinco das oito capitais conquistadas no segundo turno, além de São Paulo, o PSDB se torna o grande nome para as eleições de 2018. Resta saber quem será o candidato do partido. Geraldo Alckmin começa na frente com a vitória do João Dória em São Paulo, além de vencer no ABC paulista, considerado o reduto do PT. Derrotado em 2014 no seu próprio estado para Dilma Roussef, Aécio viu a sua terceira derrota, agora na prefeitura, vendo a derrota do deputado (e também ligado ao Atlético/MG) João Leite para o ex-cartola Alexandre Kalil do modesto PHS. José Serra deve sair da disputa, pelo menos dentro do partido, além de não colocar Marta Suplicy (havia no PSDB um racha) no segundo turno na cidade de São Paulo, está envolvido por uma suposta conta que teria na Suíça.

O grande derrotado foi o PT. Perdeu a cidade de São Paulo, não reelegendo Fernando Haddad e a região do ABC paulista, além de outras cidades da Grande SP que compunham o chamado "Cinturão Vermelho", e Goiânia, além disso, caiu de terceiro, onde conquistou 638 cidades para décimo lugar com 254 cidades conquistadas e nas capitais, conquistou apenas Rio Branco (AC). Perdendo forças e com más perspectivas para 2018, o principal partido de esquerda do Brasil poderá apoiar um candidato fora da sigla pela primeira vez em sua história. Esse nome seria Ciro Gomes, do PDT, onde ganhou em Fortaleza, quinta cidade mais importante do país reelegendo Roberto Cláudio, Natal e São Luís, além de Sobral, reduto do ex-ministro.

No campo da esquerda, o PSB administrará 415 cidades em 2012 eram 440, ficando com Recife, Campinas, Guarulhos e Palmas, mas perdendo em Belo Horizonte, Cuiabá e Porto Velho. No PDT houve um leve crescimento de prefeitos (307 para 335). Das cinco capitais que administrava em 2012, manteve três citadas anteriormente. O PC do B, aliado mais fiel do PT, avançou de 51 para 81 cidades, esse crescimento deve-se ao governador Flavio Dino do Maranhão, que vai construindo uma grande base para o partido. Já o PSOL perdeu nas três cidades em que disputava o segundo turno: Belém (PA), Rio de Janeiro e Sorocaba (SP), ficando apenas com duas prefeituras em todo o país. A REDE elegeu sete prefeitos, e ganhou com Clécio Luís, em Macapá (AP), porém, isso não ajuda muito as pretensões de Marina Silva, que segue sem uma posição concreta do partido e teve baixas importantes recentemente.

Na direita, temos a vitória do ACM Neto (DEM) em Salvador, com 74% dos votos, e na surpreendente vitória de João Doria (PSDB) em São Paulo. Temos também uma onda conservadora, com a vitória do Marcelo Crivella (PRB) na cidade do Rio de Janeiro e o crescimento dos evangélicos em outras cidades de menos expressão. Esse onda poderá ter uma frente ampla, colocando o candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro como candidato a presidente em 2018.

Numa análise geral de todos os municípios, a eleição termina com o PSDB, PMDB e PSD que mais elegeram prefeitos, todos pertencentes a base do governo de Michel Temer. O PMDB se mantém como um partido forte nos municípios, mas perdeu uma cidade importante como o Rio de Janeiro. O partido também perdeu prefeituras importantes no Nordeste e no eixo Sul/Sudeste, será que virão com candidato próprio ou fará uma aliança com o PSDB?

O PDT é o que tem melhor situação entre os partidos de esquerda, fortalecendo o nome do Ciro Gomes para 2018, resta agora saber qual será a posição de outros partidos de esquerda como PT e PC do B se farão uma frente ampla como tem falado nos bastidores.

Com um desempenho fraco em sua primeira eleição, a REDE de Marina Silva não teve o sucesso que muitos esperavam, mesmo assim, Marina é um nome competitivo para 2018, mas sem um partido organizado e forte, poderá ter dificuldades. Nos extremos vem Jair Bolsonaro, mas resta saber se terá apoio, que deverá ser entre os evangélicos das linhas pentecostais, principalmente com a vitória de Marcelo Crivella no Rio de Janeiro, que supostamente, poderá ter uma aliança entre Bispo Macedo e Silas Malafaia. Apesar da derrota das três cidades em que concorreu em 2º turno, o PSOL ganhou força com Marcelo Freixo, no Rio de Janeiro, mas ele não deverá concorrer a um cargo executivo, então resta saber se manterá sua posição e colocará um candidato ou fará parte de uma Frente Ampla?

Ainda estamos na ressaca pós-eleitoral, mas a corrida para 2018 enfim começou, teremos que saber quem sobreviverá até lá, principalmente com o que pode acontecer na lava-jato e nas futuras delações. Creio que não surgirá muita coisa, mas alguns nomes que seriam fortes poderão ficar no meio do caminho, surgindo novos nomes e até surpresas. Agora é pegar a pipoca, sentar no sofá e esperar os próximos capítulos da nosso “House of Cards Brasil”.


Siga Razão e Cultura nas Redes sociais (Facebook) (Twitter)

*José Nunes (@JosecleiNunes) é fundador e editor do blog Futebol Retrô. Escritor, graduando em história. Ama futebol, política e um bom papo de botequim.

0 comentários to “Analisando as eleições municipais e projetando 2018”

Postar um comentário

 

Razão & Cultura Copyright © 2011 -- Template created by O Pregador -- Powered by Blogger