quarta-feira, 2 de março de 2016

O mundo mágico dos jurados e suas justificativas



O pós carnaval de 2016 ainda repercuti, mas não estamos falando no assunto de corrupção envolvendo alguns jurados, porém eles sempre serão o motivo de muitas conversas e agora vem a questão das justificativas divulgada nessa semana pela Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA) e pela Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIERJ) e desde os primórdios dos desfiles das escolas de samba, pouco se mudou na questão do critério das notas e no resultado do carnaval. Já ouvi comentários que os jurados andavam no meio do desfile para analisar os desfiles e hoje estão em módulos, mas será que mudou também os critérios de julgar algumas escolas como antigamente?

Algumas notas após apuração, já poderíamos perceber que nada mudou em relação de alguns anos. O que faz um jurado dar 9,9 para uma escola com um samba aclamado e 10 para um samba criticado? Foi o que aconteceu com a Imperatriz e com a Grande Rio. E na questão de aclamação de prêmios? Rute e Julinho é considerado o melhor casal da atualidade, recebendo vários prêmios, mas alguns jurados não viram isso, dando 9,8 para a Vila Isabel. Outros vícios também em relação a “bandeiras” e erros parecidos, onde uma escola recebe 9,8 e outra ganha 10. Salgueiro e Mangueira desfilaram com Abre-Alas apagado, A vermelha e branca perdeu décimos, enquanto a verde e rosa garantiu o dez, conquistando o décimo nono titulo do carnaval carioca. Outra questão vem das escolas vindas do acesso, que desde a São Clemente em 2011, uma escola não consegue permanecer, mesmo com bons desfiles como A Império da Tijuca em 2014 e agora com a Estácio e mesmo assim, recebem notas bem inferiores que outras escolas que sempre brigam pela parte de cima da tabela, com os mesmos erros em muitas das vezes.

Essas comparações não são os grandes problemas, ai começa o grande momento do pós carnaval que é a leitura dessas justificativas, para enfim entendermos o motivo de tais notas para uns, mas infelizmente, não há justificativas para as notas 10, onde acho que deviria ter, mas vamos começar com um Salgueiro com "muito vermelho e branco", uma Estácio que não agradou com seu "dragão com expressão de bondade" e uma recomendação para Vila Isabel com "apoio deve ater-se a função e não pular e dançar". E ainda teve a "bateria do mestre Ciça deu um show de criatividade" e a Beija Flor com várias premiações e ambas foram penalizadas pelo julgador, Assim como a Curicica pela imprensa na pista.

Ai vem as justificativas sobre os sambas, que para muitos, foram os melhores desse carnaval. Viradouro e Imperatriz não agradaram. "Confusão sonora" esta foi a justificativa do jurado de samba enredo para penalizar a Viradouro. Já a obra de Zé Katimba e cia foi considerada "morna" pelo julgador, enquanto o samba da Grande Rio, tão criticado, recebeu 10 do mesmo jurado, vai entender?

Essas notas e suas justificativas são uma incerteza sobre até onde podemos analisar o que seria correto ou não. Debates pós carnaval nos fazem entender o que podemos fazer para um julgamento mais correto para cada desfile, assim como seu critério, que é quase o mesmo desde os inícios dos desfiles na década de 30, com pequenas mudanças nas notas, por exemplo. Também é preciso pensar sobre a questão do que são julgados pelo caderno dos próprios jurados, entenderem o que eles realmente querem e claro uma justificativa mais clara sem viagens como “vermelho e branco” em uma escola vermelha e branca, como já ocorreram em outros anos com outras agremiações. Agora vem a questão do “peso da bandeira”, por exemplo uma bateria “atravessou” e o jurado dar 9,7 para uma escola vinda do acesso e 9,9 para uma escola que briga pelo título.

Precisamos mudar alguns critérios, dando mais credibilidade do julgamento, pois não estamos no século passado, ainda mais na era digital, onde tudo se ver e se comenta e algo diferente contra a opinião da maioria, começa gerar polemica. As Ligas precisam entender dessas mudanças, fazer um desfile mais competitivo, sem beneficiar qualquer agremiação. É preciso julgar todas como iguais, dar a mesma nota para aquela agremiação que teve o mesmo erro, como não aconteceu esse ano, assim, não estaremos falando todos os anos sobre isso. Agora sobre os jurados, é preciso comprometimento, uma análise mais justa, como aconteceu com Mestre e Porta Bandeira da Portela, algumas sobre a comissão de frente e os enredos da Mocidade e Grande Rio, mas sem viagens. Nas agremiações é preciso entender até que ponto pode inovar em seus desfiles. Pensar se coloca bossa ou não, encher o carro de som de interpretes, gritos de incentivo do puxador, alegorias com água ou não ou colocar em maioria do desfile, as suas cores de origem.

Independente de tudo, é preciso conversar até o próximo ano sobre esse formato de análises que todo ano gera polêmica no pós carnaval, e está ficando claro que é uma formula batida e não adianta colocar pontos quebrados, colocar ou retirar quesito, ou até mesmo mudar o julgador, que os erros irão continuar e a credibilidade vai diminuir, só ver, por exemplo, queda de transmissões dos desfiles. É preciso mudar e criar algo mais justo e igualitário pelo bem de todas as escolas de samba que trabalha o ano inteiro para apresentar o melhor desfile para todo publico, sendo amantes de carnaval ou não.

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Imagem: Salgueiro/Divulgação

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