terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O ressurgimento da Tupy de Braz de Pina




15 de fevereiro de 2016 será uma data que alguns não irão esquecer. Foi data que a tradicional Tupy de Braz de Pina, umas das escolas mais antigas do carnaval carioca, confirmou o seu acesso para o Grupo D, a quinta divisão do carnaval carioca, ao conquistar a segunda colocação do Grupo. A agremiação que não desfilava desde 1998, voltou depois de 17 anos, quando desfilou ano passado, ficando com a sexta posição.

Originado de um time de futebol e de um bloco carnavalesco, pelos bairros da Penha, Penha Circular, Cordovil e Vista Alegre o Grêmio Recreativo Escola de Samba Tupy de Braz de Pina foi fundado na Rua Guaíba em 20 de janeiro de 1951, no bairro que lhe deu o nome. Em seus primeiros anos, desfilou apenas pelas ruas do subúrbio, até 1956, quando fez sua primeira apresentação na Praça Onze, desfilando sem concorrer e com as cores azul e branco, a escola ganhou notoriedade pela apresentação do samba “Seca do Nordeste” no carnaval de 1961, quando foi vice-campeã do Grupo de Acesso A, perdendo apenas para a Unidos do Cabuçu. A agremiação que teve um grande time de compositores como Nelson Bigode, Bahia, Jacir Santana, Capemba, Aquino dos Santos, dona Cila, João Magrinho e entre outros e teve em seu carro de som, o Grande Sobrinho, que foi apoio de Jamelão e também passou por escolas como Unidos da Tijuca, Unidos de Bangu e entre outras.

A trajetória da Tupy na história do carnaval carioca começou com o vice-campeonato do Grupo 2, em 1961, um dos grandes "sambas de enredo" dos carnavais cariocas: Seca no Nordeste, de autoria do carnavalesco Antonio José Soares. No estilo "prece-lamento", quando os sambas de enredo tinham um ritmo mais cadenciado que foram marcantes na década de 60, O samba de autoria de Gilberto Andrade e Waldir de Oliveira, fez grande sucesso e além da gravação oficial com o intérprete da Escola, também foi gravado por Jamelão, Ivan Lins e Clara Nunes.

“Sol escaldante,terra poeirenta
Dias e dias,meses e meses sem chover
E o pobre lavrador com a ferramenta agude
Dá forte no solo duro
Em cada pancada parece gemer
Hum...hum..hummm
Geme a terra de dor.”

Apesar do sucesso de 61, que garantiu o acesso, a escola não teve sucesso no ano seguinte, sendo rebaixada com o enredo Gonçalves Dias e suas memórias, ficando na ultima posição, retornando para o Grupo A, onde ficou até 1972, onde foi campeã com o enredo com o enredo escrito pelo carnavalesco Jairo de Souza, Chiquinha Gonzaga, alma cantante do Brasil e o samba escrito pelos compositores Alfredo Maia e Foguete.

“Apaixonada e atraída
Pela beleza
Das luzes da ribalta
Compôs de admirável
Partitura para opereta
A corte na roça
Dirigiu um concerto
De cem violões
Engalanando a platéia
Dos nobres salões
Nesta melodia
Vamos recordar
A maestrina
Da música popular.”

Em 73, a escola novamente seria rebaixada para o Grupo de Acesso, com enredo Assim dança o Brasil - Formação das danças brasileiras, autoria de Carlos de Andrade. Em 74, permaneceu no grupo, ocupando a sétima posição com o enredo Essa nega Fulô, até retornar para o Grupo Especial em 75 com o enredo Brasil, glória e integração, conquistando o vice-campeonato, vencido pela Lins Imperial.

Em 1976, apesar de toda dificuldade por causa do afastamento do presidente Gilsinho (acusado de mau uso da subvenção) a Tupy teve que fazer festas, almoços e reuniões para pagar segmentos. O samba foi bem recebido na voz de Celso Landrini, porém a escola desfilou após Em Cima da Hora, atrasada por causa de um temporal, atravessando o samba devido a um problema do cavaco, o puxador teve que parar de cantar e saiu sobre vaias, terminando no ultimo lugar e voltando para o Grupo de Acesso, ficando até 78, quando foi rebaixada para o Grupo B (Antigo A2), com o enredo Manôa, um sonho dourado. Em 79, novamente foi rebaixada com o enredo Folia, Folia!, ficando no grupo 2ª até 1987, com o enredo Marlene, a estrela maior, ficando com o vice-campeonato, atrás apenas da Paraíso do Tuiuti, onde ficou por apenas dois anos, sendo rebaixada para o Grupo B em 1989, com o enredo Rio boa praça, em 1994, com o enredo Sargentelli, hoje o show é na Avenida. Em 1995, a Tupy ficou na terceira posição, com o enredo Eu era Feliz e Não Sabia, caindo em 98, com Bornay, a Lenda Viva do Carnaval. Em 97, a escola caiu novamente com Brava gente brasileira e no ano seguinte, a agremiação parecia dar a volta por cima ao ser promovida voltou ao Grupo de acesso D. Contudo, foi esse o último ano da agremiação das cores azul e branco no carnaval carioca, que enrolou a bandeira.

Após 17 anos, a Tupy voltou ao carnaval, desfilando pelo Grupo E (Avaliação), reeditando o enredo de 1983, Mistérios das Matas com Ossam, Ossanha e Oxóssi, ocupando a sexta posição. E esse ano, novamente no Grupo é, a escola subiu para o Grupo D, com o enredo Tania Índio do Brasil - Destaque da Vida e do Carnaval, conquistando o vice-campeonato, atrás apenas da estreante Nação Insulana.

Parecia impossível mas o desejo de muitos do carnaval gostaria de ver novamente a Tupy e agora a escola em novo endereço na Penha circular volta ao carnaval e agora no grupo D, irá desfilar no domingo. Com certeza, estaremos torcendo pela Tupy e queremos a escola desfilando em breve na Marques de Sapucaí.

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